segunda-feira, 20 de abril de 2009

A quem nunca corrompeu: Que atire a primeira propina!

(Texto escrito durante gestões passadas da prefeitura de São Paulo - Alusão "in memorian").

É gozado ver um punhado de vereadores preocupados em punir os seus colegas da câmara paulistana, abrindo inquérito parlamentar (ou prá lamentar), num verdadeiro festival de “delatórios” ou “dedatórios”, como queiram. Tanta roupa suja, que nem aquele sabão em pó do enorme lençol da propaganda poderia imaginar que houvesse. Interessante é saber que tudo começou com denúncia de vítimas que agem também em desacordo com a lei, que não pagam imposto, nem aluguel, nem encargos sociais e vendem mercadoria de origem duvidosa. Mas quem compra essa mercadoria? Quem nunca preferiu comprar no conhecido “mercado paralelo”, Made In Paraguay? Quem nunca comprou uma mercadoria ilegal, quero dizer: sem nota fiscal, um cd pirata que fosse? O saudoso poeta Carlos Drummond de Andrade, com seu poema em que “Pedro, amava Maria que amava Paulo, que amava não sei quem...” me compele a plagiá-lo com: “Governo que ferra o povo, que por sua vez, compra de camelô, que paga propina para político, que gasta o erário, que não paga o funcionalismo, que faz corpo mole na repartição, que multa comerciante que sonega imposto, que não vai para obras sociais, que não atendem à população, que vende o voto para políticos, que legislam em causa própria...”. Todos sacaneando e corrompendo a todos, como se uma gigantesca sucuri, do tamanho de nosso território auri-verde, mordesse o próprio rabo, como se um pitbull no auge de sua ferocidade, dilacerasse a própria orelha. Punidos mesmo, são aqueles que pagam impostos, que compram e vendem com nota fiscal – e, ainda por cima são notificados por estarem em atraso com os tributos e pasmem, mesmo provando com xerocópias dos documentos e protocolando essas cópias, são novamente cobrados e ameaçados de execução. Rui Barbosa - o grande, profetizou: “De tanto ver triunfar as nulidades, um dia o ser humano vai ter vergonha de ser honesto...”. Esse dia chegou.

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