segunda-feira, 13 de abril de 2009

GERUNDIANISMO

Não...
Não se trata de erro de grafia. Foi proposital. Já saberá o porquê do trocadilho em epígrafe:

Nossa língua portuguesa é (segundo dizem) a mais rica, a mais repleta de vocábulos para um mesmo significado. Ponto passivo. Ninguém discute. Mas, faz-me comparar a um milionário excêntrico cuja garagem tem uma coleção imensa de carros: Ferrari, Rolls Royce, Mercedes, BMW, Jaguar... Todos reluzindo e intactos... Pois o inculto proprietário, só teima em dirigir um “gurgelzinho” adaptado com motor de “fusca”.

Insistimos em usar cada dia, mais gírias e neologismos importados de outros idiomas, que também adotaram muitos radicais do Latim, esse sim, verdadeiro berço de nossa “Flor do Lácio – inculta e bela”.
E de uns tempos para cá surgiu uma verdadeira praga invadindo nosso idioma – o tal de gerundismo. Espere! Não sou contra o uso correto do gerúndio. Quando a ação está sendo praticada pelo sujeito da oração. “O tempo está passando”, por exemplo.
Agora, aquela influência que nos atinge, provenientes de mal traduzidas frases oriundas do tele marketing, como: “Semana que vem nós vamos estar assinando seu certificado”. Dá-nos a impressão que a assinatura é tão longa que talvez leve a semana inteira, ou que o assinante está sem óculos ou com mal de Parkinson. Repare que numa frase pode haver mais de três verbos seguidos... Um absurdo: “Se o senhor precisar do João bem na hora do almoço dele, ele vai estar comendo correndo” ou, o que é pior: “Vai ter que estar tendo, que comer correndo” – É inacreditável! Poderia ser simplificada com: “Se o senhor precisar do João na hora do almoço dele, ele comerá apressadamente”.
Os nossos amigos de além-mar já não sofrem essa influência. Invés de “estar comendo”, (como diriam os brasucas), os lusitanos diriam: “estar a comer”. Trocam o gerúndio pelo infinitivo. Eles estão certos. E afinal de contas, são os donos da língua Aljubarrota.
No entanto, nosso vernáculo possui mais uma influência – essa sim é verdadeiramente autóctone: O Tupi-Guarani.
É isso que me deixou mais perplexo esta semana. Um “aculturado” índio da tribo Terena representante da sua aldeia, deu de falar usando o gerundismo. Numa entrevista a um repórter, opinando sobre um conflito com a Funai, ele solta uma: “vamos estar” fazendo sei lá o que... Isso para mim é demais!
Precisamos “estar tomando” providências para que essa praga não venha a “estar provocando” um modismo irreversível!

E você "vai estar enviando" para quantas pessoas dispostas a "estar lendo" esse protesto, você possa "estar arrebanhando”...

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