segunda-feira, 23 de julho de 2012

DESAFIO BRASILEIRO (Parte II)


“A vida é aquilo que acontece enquanto você está planejando o futuro”
(John Lennon).
Pode parecer paradoxal o que vou comentar a seguir, depois do que escrevi na crônica anterior. Já explico.
Existe um movimento se espalhando pelo mundo incluindo o Brasil, contra a corrida desenfreada dos atuais dias.
Nasceu na Itália através da iniciativa do jornalista Carlos Petrini, com o nome de “Slow Food”, cujo símbolo é um caracol, em contraposição ao “Fast-Food”, criado na América do Norte.
Pretendia ele defender os bons hábitos alimentares, a cultura e a produção de alimentos oriundos da sua terra, em benefício da saúde e consequentemente da qualidade de vida dos italianos.
Além de disseminar a ideia em toda a Europa, o movimento adquiriu outras formas de "Slow Way", como no trabalho, na educação e até no lazer, dando um basta nessa maratona da vida moderna, onde tudo tem que ser rápido e imediato e, nem sempre muito bem digerido.
O bom da vida é poder saborear as coisas que ela nos oferece.
Aí, o leitor desavisado poderá contestar: “- Ué, mas você não criticou a impontualidade do brasileiro?”. Exatamente! O que eu critiquei é a falta de cumprimento dos prazos e não o de estabelecer prazos longos...
A fim de ganhar uma concorrência ou para demonstrar oferecer uma melhor prestação de serviços, o fornecedor brasileiro estipula um prazo que depois não pode cumprir. E o cliente acredita. No fim, se houvesse escolhido aquele outro fornecedor que ofereceu prazo maior, talvez adquirisse o produto ou serviço mais cedo e com melhor qualidade.
É sobre essa “enrolação”, que me refiro!
Pesquisando sobre os países escandinavos, descobriu-se que a estratégia deles é exatamente contrária a dos brasileiros. Aqui quase não se planeja. Parte-se logo para a execução... E se executa mal. Por quê?  Ora, justamente pela pressa em realizar de qualquer maneira! Sem planejamento, faz-se errado e refaz-se. E refaz-se e refaz-se, batendo cabeça; até finalmente acertar. E assim os prazos estouram. Sem falar no desperdício material.
Nos países nórdicos, ninguém tem pressa em planejar. Mas tem urgência em executar; claro que após inúmeras discussões e revisões de projeto. Mas não há retrabalho. Executa-se corretamente da primeira vez.
E o cliente permanece satisfeito. E sabe o que os suecos, os finlandeses e os dinamarqueses produzem? Os melhores aços, os melhores celulares, os melhores motores automotivos e turbinas aeronáuticas, inclusive para a NASA.
Fica aí a lição. A ser copiada por nossa nação emergente.

“Na vida há algo mais importante do que incrementar sua velocidade” (Mahatma Gandhi).

sexta-feira, 20 de julho de 2012

DESAFIO BRASILEIRO


O que falta para o Brasil se tornar primeiro-mundista?
Cultura, caráter, politização, civilidade, ausência de preconceito...
Tudo isso poderia ser resumido em uma única palavra: disciplina.
E a disciplina requer a observância da unidade de medida universal, denominada “tempo”.
- “Em uma semana estará pronto!”
- “Seu diploma será entregue em no máximo 45 dias!”
- “A sua aposentadoria sai em 30 minutos!”
- "A pizza chega em sua casa em menos de meia hora!"
- “Um segundinho só, por favor!”
Nada aqui é pontual. Ninguém cumpre os prazos. As decisões são sempre adiadas ou prorrogadas. Tudo é executado com cronogramas “estourados”.
Callcenteres, mecânicos de autos, mestres de obras... Todos nos “enrolam” nos orçamentos. E nos prazos.
Pontualidade, só na hora de recolher nossos tributos. Aliás, o maior exemplo de promessas não cumpridas é justamente a reforma tributária. Há pelo menos nove anos que esperamos por essa promessa de campanhas (no plural sim, porque já são três gestões).
A 6ª economia do mundo merece coisa melhor, não acha?