As notícias (boas ou ruins) percorrem o cyberspaço com velocidade impressionante.
Momento propício para a releitura de uma parábola:
Em uma cidadezinha de um país
europeu, havia uma senhora com idade já avançada.
Todos a conheciam e evitam seu
convívio.
Ocorre que um dia ela
resolveu entrar na Igreja do povoado e se confessar.
Ao ajoelhar-se no degrau do
confessionário, o padre confessor lhe perguntou:
- O que a traz aqui, cara
paroquiana?
- Senhor padre, a sua benção!
Eu vim até aqui porque sou uma pecadora.
- Todos nós somos... Irmã.
Mas, prossiga!
- Sabe... Eu prejudiquei
muita gente nesta minha vida desalmada. Por minha causa, um colega de trabalho
foi despedido por justa causa! Ele era um empregado exemplar... Tinha três
filhos e foi preso por roubo. Perdeu o emprego, a mulher e o respeito dos
filhos. Acabou suicidando-se na cela da prisão. Isso foi um mal muito grande,
padre!
- Foi sim, minha filha... Mas
prossiga...
Então eu fiz uma intriga
entre marido e mulher. Enchi a cabeça da moça com a idéia de que o marido
ficava com outra mulher mentindo que fazia hora extra no trabalho. Eles
discutiram, brigaram se agrediram e acabaram se separando. Hoje ela casou com
outro e ele constituiu outra família, depois de se tornar um dependente do
álcool.
- Mas isso foi uma atitude
muito grave de sua parte, senhora!
- Sim, foi... Como estou
arrependida! Mas não fico por aí... Eu fui causadora da falência de uma
empresa, quando falei para toda a vila que eles enganavam, roubavam os
clientes! Um deles ficou muito doente e acabou morrendo. O outro enlouqueceu. O
que eu devo fazer agora, padre?
Minha cara: a sua consciência
deve estar pesadíssima. Mas dá-se um jeito.
- Peça a penitência que
quiser padre! Eu mereço, preciso aliviar minha consciência.
- Pois bem, quero saber uma
coisa:
- Diga padre!
- A senhora tem um
travesseiro de penas?
- Sem dúvida! Tenho, sim, mas
por quê?
- A senhora conhece aquele
morro lá nos limites da cidade, não? O lugar mais alto de nossa terra. De onde
se observam os rios, as matas e os pássaros voando ao redor...
- Claro, conheço, sim! O que
propõe?
- Proponho que suba com seu
travesseiro nas mãos e chegando ao alto do morro, rasgue seu travesseiro e
deixe escapar as penas ao vento. Depois que espalhar bem, volte aqui com a
fronha.
- Só isso, padre?
- Sim; estará concluída a
primeira parte da penitência.
- Assim farei; muito
obrigada, Senhor!
E saiu da Igreja determinada
a cumprir a penitência.
Dias depois, ela voltou ao
confessionário com a fronha na mão.
- Pronto padre! Cumpri com a
penitência!
- Chegou a hora de realizar a
segunda parte da sua redenção: volte até o local onde se espalharam as penas e
recolha todas uma por uma; reencha seu travesseiro com as penas que se
soltaram.
- Mas isso é impossível,
senhor padre! Como posso? O vento carregou-as até o riacho, as aves levaram
para forrar os ninhos, o gado pisoteou e até defecou em outras... Jamais
poderei recolher todas as penas de volta ao travesseiro!
- Pois é, cara paroquiana...
As pessoas que a senhora prejudicou, também jamais recuperarão o que perderam.
Aquele que cometeu o suicídio, assim como aquele que morreu doente, não
ressuscitará; o marido não voltará para a esposa que está com outro esposo e
outros filhos, a empresa não terá mais capital para se reerguer, até porque um
dos sócios já não vive...
- Por isso, muito cuidado com
o uso da palavra. Ela tem o poder de destruição sem limites, uma força
imensurável, que causa a dor, a discórdia e a infelicidade nos outros.
- Volte para sua casa e
reflita sobre isso... E que Deus se apiede da senhora.
(Parábola de autoria desconhecida com adaptação de Dilson Nunes).
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